Agostinho (354-430)
Aurélio
Agostinho nasceu na cidade de Tagaste de Numídia, província romana ao norte da
África, hoje atual região da Argélia, no ano de 354. Iniciou seus estudos em
sua cidade natal, seguindo depois para Cartago. Ensinou retórica e gramática,
tanto no Norte de África como na Itália. Ficou conhecido como o Filósofo e
Teólogo de Hipona. Polemista capaz, pregador de talento, administrador
episcopal competente, teólogo notável, ele criou uma filosofia cristã da
história que continua válida até hoje em sua essência.
Inspirado no tratado filosófico, Hortensius, de Cícero, converteu-se em
ardoroso pesquisador da verdade, aderindo ao maniqueísmo. Com vinte anos,
perdeu o pai e ficou sendo o responsável pelo sustento da família. Mudou-se
para Roma. Sua mãe foi contra a mudança e Agostinho teve de enganá-la na hora
da viagem. De Roma viajou a Milão, onde foi novamente professor de retórica.
Foi influenciado pelos estóicos, por Platão e o neoplatonismo, também estava
entre os adeptos do ceticismo. Em Milão, conheceu Ambrósio que o converteu ao
cristianismo. Agostinho voltou ao norte da África, onde foi ordenado sacerdote
e, mais tarde, consagrado bispo de Hipona. Combateu a heresia maniqueísta que
antes defendia e participou de dois grandes conflitos religiosos: o Donatismo e
o Pelagianismo. Sua obra mais conhecida é a autobiografia Confissões, escrito,
possivelmente, em 400. Em A Cidade de Deus (413-426) formulou uma filosofia
teológica da história. O Protestantismo e o Catolicismo Romano tributam
honra à contribuição que Agostinho deu à causa do cristianismo. Vivendo
num tempo em que a velha civilização clássica parecia sucumbir diante dos
bárbaros, Agostinho se posicionou entre dois mundos, o mundo clássico e o novo
mundo medieval. Para ele, os homens deveriam olhar adiante para a “Cidade de
Deus”, uma civilização espiritual, uma vez que a velha civilização clássica
estava passando.
Agostinho
nasceu em 354, na casa de um oficial romano na cidade de Tagasta, ao norte da
África. Sua mãe, Mônica, dedicou a vida à sua formação e conversão à fé cristã.
Seus primeiros anos de estudos foram feitos na escola local, onde aprendeu
latim à força de muitos açoites, e odiou tanto o grego que jamais o aprenderia
fluentemente. Foi enviado à escola próxima a Madaura e daí para Cartago, para
estudar retórica. Livre dos limites familiares, Agostinho fez o mesmo que a
maioria dos estudantes de então, e se entregou às paixões da união ilegítima
com uma concubina. Seu filho, Adeodato, nasceu dessa união, em 372. Em 373, na
busca pela verdade ele aceitou o ensino maniqueísta; no entanto, por
considerá-lo insuficiente, voltou à filosofia com a leitura de Hortênsio, de
Cícero, e dos ensinos do neoplatonismo. Ensinou retórica em sua cidade natal e
em Cartago, até ir para Milão, por volta de 384.
Em
386, aconteceu sua crise de conversão. Um belo dia, meditando num jardim sobre
a sua situação espiritual, ouviu uma voz próxima à porta que dizia: “Tome e
leia”. Agostinho abriu sua Bíblia em Romanos 13.13-14, cuja leitura trouxe-lhe
a luz que sua alma não havia conseguido encontrar nem no maniqueísmo nem no
neoplatonismo. Separou-se de sua concubina e abandonou sua profissão de
retórica. Sua mãe que tanto orara por sua conversão, morreu logo depois do seu
batismo. De volta a Cartago, foi ordenado sacerdote em 391. Cinco anos depois
foi consagrado bispo de Hipona. Daí até sua morte, em 430, dedicou sua vida à
administração episcopal, estudando e escrevendo. Ele é apontado como o maior
dos pais da Igreja. Deixou mais de 100 livros, 500 sermões e 200 cartas.
Talvez
a obra mais conhecida de sua lavra sejam as Confissões, uma das maiores
obras autobiográficas de todos os tempos. Nas páginas dessa obra, Agostinho
abre a sua alma. Os livros I a VII descrevem sua vida antes da conversão; os
dois livros seguintes narram os acontecimentos posteriores à sua conversão,
inclusive a morte de sua mãe e sua volta ao norte da África; os livros XI a
XIII são comentários aos primeiros capítulos de Gênesis, em que Agostinho
recorre à alegoria com frequência.
Os
cristãos de todos os tempos têm sido abençoados com a leitura dessa obra escrita
por Agostinho para louvor de Deus, cuja graça alcançou um pecador como ele. O
livro traz no primeiro parágrafo a citadíssima frase: “Tu nos fizestes para ti
e nosso coração não descansará enquanto não repousar em ti”. A consciência de
seu pecado e a força do mal, evidenciado por sua vida imoral apaixonada,
levaram-no a clamar: “Dá-me a castidade e a continência, mas não ainda”. Essa
necessidade só foi preenchida por sua experiência da graça de Deus.
Agostinho
escreveu ainda tratados teológicos dos quais De Trinitate, sua obra sobre
a Trindade, é o mais importante. Os primeiros sete livros da obra são dedicados
a exposição bíblica dessa doutrina. Seu breve trabalho Enchiridion ad
Laurentium resume sua ideias teológicas e de certo modo completa outra de
suas obras, Retractationes, dando ao leitor uma imagem mais nítida e
resumida de sua teologia. Agostinho escreveu também muitas obras polêmicas para
defender a fé dos falsos ensinos e das heresias dos maniqueístas, dos
donatistas e, principalmente dos pelagianos. Sua De Haeresibus é uma
história das heresias.
O
bispo de Hipona escreveu obras práticas e pastorais, além de muitas cartas das
quais ainda restam umas 240. Essa obras e cartas tratam de muitos problemas
práticos que um administrador eclesiástico enfrenta no decorrer dos anos de
ministério.
Sua
grande obra apologética e sobre a qual reside sua maior fama, é o tratado De
Civitate Dei, popularmente conhecida como A Cidade de Deus (413-426).
O próprio Agostinho considerava ser essa sua grande obra.
A
formulação de uma interpretação cristã da história deve ser considerada uma das
contribuições permanentes deixadas por esse grande erudito cristão. Nem
historiadores gregos nem romanos foram capazes de compreender tão
universalmente a história do homem. Agostinho exalta o poder espiritual sobre o
temporal, ao afirmar a soberania do Deus que se tornou o Criador da
história no tempo. Deus é Senhor da história e nada o limita como ensinara o
filósofo Hegel. Tudo o que vem a ser é uma consequência de sua vontade e ação.
Antes mesmo da criação, Deus tinha um plano em vista para sua criação.
Mas
Agostinho também contribuiu com alguns erros para o pensamento cristão.
Contribuiu para a formulação da doutrina do purgatório com todas as suas
consequências nocivas; enfatizou tanto o valor dos dois sacramentos que a
doutrina da regeneração batismal e da graça sacramental se tornaram
consequências lógicas de sua posições; sua interpretação do milênio, que ele
via como o período entre a Encarnação e a segunda vinda de Cristo em que a
Igreja venceria o mundo.
Essa
ênfase de Agostinho não devem nos impedir de ver o significado de sua obra para
a Igreja Cristã. Os Reformadores encontraram em Agostinho um aliado inestimável
na sua crença em que o homem escravizado pelo pecado, necessita da salvação
através da graça de Deus pela fé somente. No período entre Paulo e Lutero, a
Igreja não teve mais ninguém da estatura moral e espiritual de Agostinho.
Suas
Obras
Agostinho
é apontado como o maior dos Pais da Igreja. Ele deixou mais de 100 livros, 500
sermões e 200 cartas. Suas obras mais importantes foram:
Confissões, obra autobiográfica de sua
vida antes e depois de sua conversão;
Contra Acadêmicos, obra onde demonstra
que o homem jamais pode alcançar a verdade completa através do estudo
filosófico e que a certeza somente vem pela revelação na Bíblia;
De Doctrina Christiana, obra exegética
mais importante que escreveu, onde figuram as suas idéias sobre a hermenêutica
ou a ciência da interpretação. Nela desenvolve o grande princípio da analogia
da fé;
De Trinitate, tratado teológico sobre a
Trindade;
De Civitate Dei, obra apologética
conhecida como Cidade de Deus. Com o saque de Roma por Alarico, rei dos
bárbaros em agosto 28 de 410, os romanos creditaram este desastre ao fato de
terem abandonado a velha religião clássica romana e adotado o cristianismo.
Nesta obra, põe-se a responder esta acusação a pedido de seu amigo Marcelino.
Agostinho
escreveu também muitas obras polêmicas para defender a fé dos falsos ensinos e
das heresias dos maniqueus, dos donatistas e, principalmente, dos pelagianos.
Também escreveu obras práticas e pastorais, além de muitas cartas, que tratam
de problemas práticos que um administrador eclesiástico enfrenta no decorrer
dos anos do seu ministério.
A
formulação de uma interpretação cristã da história deve ser tida como uma das
contribuições permanentes deixadas por este grande erudito cristão. Nem os historiadores
gregos ou romanos foram capazes de compreender tão universalmente a história do
homem. Agostinho exalta o poder espiritual sobre o temporal ao afirmar a
soberania de Deus sobre a criação. Esta e outras inspiradoras obras mantiveram
viva a Igreja através do negro meio-milênio anterior ao ano 1000.
Agostinho
é visto pelos protestantes como um precursor das idéias da Reforma com sua
ênfase sobre a salvação do pecado original e atual através da graça de Deus,
que é adquirida unicamente pela fé. Sua insistência na consideração dos sentido
inteiro da Bíblia na interpretação de uma parte da Bíblia (Hermenêutica), é um
princípio de valor duradouro para a Igreja.
Seus últimos meses
Durante
os últimos meses de vida, os vândalos tomaram a cidade fortificada de Hipona
por mar e terra. Eles haviam destruído as cidades do Império Romano no Norte da
África e as evidências do Cristianismo. A cidade estava cheia de pobres e
refugiados, e a congregação de Agostinho não era uma exceção No final de sua
vida, ele foi submetido a uma enfermidade fatal, e com 75 anos ele pediu que
ficasse só, a fim de se preparar para encontrar com o seu Deus. Um ano depois
da morte de Agostinho em 430, os bárbaros queimaram toda a cidade, mas
felizmente, a biblioteca de Agostinho foi salva, e seus escritos se perpetuam
em nosso meio até a nossa era.